Documentários

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

música novas para acalentar a alma



Movimento Menace vive!
sonzinho da ilha
bem cru, e crescendo.
ngm segura mais,
abraço a tod@s

letra da música nos comentários:

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A planta



Como salvar o mundo com a Maconha
Esta é minha missão. Eu vou enviar este trabalho para Virgin Earth Challenge. Agradeço a todos os companheiros que me encorajam. A idéia é esta: Plantar Maconha em 600 milhões de acres de terras secundárias nos Estados Unidos. Plantar Maconha em 600 milhões de acres de terras secundárias no Canadá. Plantar Maconha em 1 a 2 bilhões de acres de terras secundárias na Rússia e Sibéria. Plantar Maconha em 1 a 2 bilhões de acres de terras secundárias na África. Plantar Maconha em 600 milhões de acres de terras secundárias na América do Sul. Plantar Maconha na Austrália. Plantar Maconha na Ásia. Plantar Maconha na Europa. 
Os únicos combustíveis serão o álcool e o biodiesel de Maconha. Todos os combustíveis fósseis, óleo, carvão e gás natural não serão mais usados. Eles serão deixados na terra somente para emergência. Por exemplo, quando houve o terremoto de Krakatoa, o sol foi bloqueado por dois anos naquela área. 
Todo papel será feito de Maconha. Não cortaremos mais Árvores para a produção de papel. Era assim que se fazia há 130 anos. Isto salvara metade das Árvores do planeta que de outro modo seriam cortadas nos próximos 30 anos. Todas as Árvores seriam mais fortes e maiores. A maior parte dos materiais de construção seriam feitos de compostos de Maconha. 
De 20 a 50 por cento de toda a proteína para alimentação virá das sementes da Maconha. Na China, de 5000 anos até 100 anos atrás, aproximadamente 50% da comida era feita de Maconha, e 20% do alimento na Europa. Na fronteira da China com o Laos,Nepal, Tibete, Afeganistão, subindo até o norte divisa com a Mongólia, 50% de toda a proteína para comida é feita a base de semente de Maconha e 90% de toda a manteiga.Não usaremos mais algodão para vestuário, a menos que seja cultivado organicamente. Roupas poderiam ser feitas de fibra de Maconha, bambo, soja ou linho. Dr. Raphael Mechoulam de Israel acredita que 30% de todo remédio poderia ser tirado da Maconha de sua combinação com outras drogas. As áridas terras do Saara e outros desertos ao redor do mundo serão plantados com Maconha.Pessoas entre 18 e 30 anos de idade, por todo o mundo, se engajarão num tipo diferente de exército, o exército da Maconha, plantando colhendo e empacotando Maconha. Como recompensa, receberão a faculdade paga pelo governo. 
As pessoas viveriam dois anos a mais, usando Maconha. Tudo será muito mais legal. Existira trabalho pra todo mundo. A Indústria Automobilística construirá carros feitos principalmente de Maconha. As companhias de informática montarão computadores feitos de Maconha. Móveis serão feitos de compostos de Maconha. A Maconha cresce em todos os lugares, do Equador ao Ático, dos vales até em montanhas com altura superior a 1800 metros. Ela é a mais saudável entre as mais de 3 milhões de plantas que vivem em nosso planeta. Ela tem raízes profundas. É a única planta que você pode plantar safras repetidas e a condição do solo só melhora. As pessoas poderão pagar seus impostos com Maconha. 
Eu escrevi meu livro, O Imperador não usa Roupas (The Emperor Wears No Clothes) , 25 anos atrás. Eu tenho ensinado as pessoas a salvar o planeta com Cannabis, desde 1979. Se a meta for banir todo o combustível fóssil e seus derivados, assim como o corte de Árvores para papel e construção para salvar o planeta, reverter o Efeito Estufa e acabar com o desmatamento, então existe só uma fonte anual renovável capaz de fornecer a maior parte do papel e tecido do mundo, as necessidades de transporte, a energia para as indústrias e residências, enquanto simultaneamente reduz a poluição, regenerando o solo e limpando a atmosfera, tudo isso ao mesmo tempo, pois esta planta já fez isso antes... Esta planta é a Cannabis. 
Suas raízes crescem até 3 metros em trinta dias, comparado com trinta centímetros das outras culturas anuais. Suas raízes penetram profundamente, pulverizado e aerando o solo. Depois da colheita o sistema radicular se decompõe no solo, revitalizando a terra e tornando-a viva de novo. É a Rainha de todas as plantas. Toda informação que possuo sobre o Cânhamo foram tiradas de relatórios de Departamentos estaduais e federais de Agricultura, artigos de revista como Mecânica Popular, Ciência Popular, Papel e Polpa Magazine, América Científica, dados de enciclopédias e farmacopéias, e estudos dos últimos 200 anos. Tudo informação publica. O Departamento de Estado Americano esconde fatos de 125 atrás, inclusive que desde 4000 anos até 200 anos atrás, 80% da economia mundial era baseada no uso do canhamo para papel, tecido, combustível e alimento. 10% a 20% da economia americana era baseada Maconha, a 125 anos atrás. 
A Cannabis era parte do dia a dia de nossas vidas. Virtualmente todas as propriedades rurais e todos os pedaços de terra nas cidades ao redor dos Estados Unidos e do mundo, há 120 anos, tinham Maconha crescendo a vontade. Esta enganação do Governo Americano sobre a Cannabis me enoja e deveria enojar você também. Depois de três décadas de estudo, não consigo acreditar que o Governo dos Estados Unidos, numa discussão que durou 90 segundos no Congresso, pode criminalizar a Maconha em 1937, sem que o povo estendesse que estavam proibindo o uso do Cânhamo, a mais perfeita planta para o planeta. Eles conseguiram inclusive que os outros países proibissem-na logo após a Segunda Guerra Mundial. 

De 1740 até 1940, 80% de toda Maconha do mundo era cultivada e industrializada pelos Cossacos e exportada pela Rússia. De 75% a 90% de todo papel usado desde 100 dC até 1883 era feito de Cânhamo. Livros (incluindo Bíblias), dinheiro e jornais ao redor do mundo eram principalmente feitos de Maconha. 
A 125 anos atrás, de 70% a 90% de toda corda, barbante, cabos, velas de navios, lonas, tecidos, roupas etc., eram feitos de fibra Cannabis, que foi substituída pela invenção da fibra petroquímica feita pela DuPont em 1937. 

A fibra do Cânhamo é 4 vezes mais macia que a do algodão, 4 vezes mais quente, 4 vezes mais absorvente, 3 vezes mais elástica, muito mais durável, é retardante de chamas e não precisa de pesticidas nem adubação. Cinqüenta por cento de todos os pesticidas produzidos são usados no algodão. Hoje 1% das terras americanas são cobertas por algodão. 
A Cannabis é como planta, a maior fonte de saúde e cura do nosso planeta e não usa pesticida e herbicida. É a mais saudável planta para o consumo humano e para o próprio planeta. 

Oitenta por cento de nossa economia era dependente da Maconha para a produção de papel, fibras e combustível, a 125 atrás. Naquela época se necessitava de 300 horas/homem para se produzir e colher Um acre de Cânham, porém com a invenção de uma nova colheitadeira, em 1930, este tempo foi reduzido para 2 horas/homem. Isto é o equivalente a reduzir de US$ 6.000 para US$ 40 o custo da mão de obra por acre, no dólar de hoje. Em 1973 a indústria algodoeira reduziu de 300 para 2 horas/homem para colher e limpar um acre de algodão. 

A Maconha/Cannabis dominaria o Mercado do algodão, pois é muito superior ao algodão e é livre de pesticidas. As regras para a Maconha deveriam ser determinadas pelo Mercado, não por uma imposição mandatória, subsídios federais e enormes tarifas, que impedem que o natural suplante o artificial. De todas as plantas de nosso planeta, nenhuma outra se aproxima do valor nutricional da semente da Maconha. Ela é a única planta na Terra que provem todos os óleos essenciais, num balanço perfeito entre amino ácidos, ácidos graxos, proteína edestrina, tudo combinado em uma única planta, numa fórmula que a torna a mais digerível para nosso organismo. 

Até 1800, o óleo da Cannabis era a fonte numero um para a iluminação do mundo. Até 1938 80% das tintas e vernizes eram feitos de óleo de Maconha. O óleo da Cannabis não é tóxico e é usado para se fazer óleo Diesel de alto desempenho, óleo para aeronaves e maquinas de precisão, e inclusive é reconhecido como o óleo vegetal Número Um. Na tabela de especificações de lubrificantes do Exército e Marinha dos Estados Unidos o óleo de Maconha/Cânhamo/Cannabis é classificado como Número Um e é o preferido pelos mecânicos militares. 
A Maconha/Cânhamo/Cannabis é a melhor fonte sustentável de polpa de planta para combustível de biomassa para a produção de carvão, gás, metanol, gasolina e eletricidade de forma natural. 

Em 1850, 80% de todo papel, tecido, combustível e óleo era feito de Maconha/Cânhamo/Canabis. Isso foi antes da descoberta do carvão e do petróleo para energia em 1950, antes do começo da permanente e pior poluição já vista na Terra. Como medicina, o uso mundial da Maconha/Cânhamo/Cannabis vai há pelo menos 6000 anos atrás. Lembre-se, de 10% a 20% dos remédios tinham como base a Maconha/Cânhamo/Cannabis. 

É comprovado sua eficácia no tratamento de dor crônica, câncer, derrame, glaucoma, esclerose múltipla, anemia celular, AIDS, alzheimer e muitas outras enfermidades, incluindo náusea, ansiedade, dor muscular, estimulante de apetite etc. 
Em Setembro de 1988, o Chefe Administrativo do DEA (Departamento Anti-Droga Americano), o Juiz de Direito Francis L. Young, decretou: Maconha, em sua forma natural, é a mais segura substância terapêutica que o homem conhece? e pediu para o DEA reclassificá-la. O DEA se recusou, mantendo-a na classe I (um) das drogas, classe das drogas que não têm uso medicinal. Milhares de estudos têm sido realizados ao redor do mundo, documentando o uso medicinal da Maconha/Cânhamo/Cannabis. Inglaterra, Espanha, Hungria, Holanda e Estados Unidos, só para citar alguns). Ninguém nunca morreu por uso de Maconha, nos últimos 6000 anos de nossa história gravada. Sem contar os mortos pela polícia. 

Maconha/Cânhamo/Cannabis era usada até 1915 para recuperação de terra lichiviada. Maconha/Cânhamo/Cannabis era semeada e deixada para crescer em bancos de areia nas margens de rios e em erosões sem nunca serem colhidas. Ela é a planta Número Um da nossa história há ser usada para prevenir e corrigir deslizamento de encosta, assoreamento de rios, e erosão. Tem sido ilegal cultivar a planta Número Um do mundo, nos Estados Unidos (no Brasil também) desde 1937. O que mais me deixa indignado é que o governo americano sabia disto. 

Pelo fator da Maconha/Cânhamo/Cannabis ser tão valiosa, olhe o que aconteceu. Literalmente em 90 segundos, o ato de taxação da Maconha, de 1937 passou no Congresso. Pelo fato de terem usando o desconhecido nome de ?Marijuana? ao invés do popular Hemp/Canabis, foi possível a aprovação no Congresso Americano, porque ninguém lá sabia do que se tratava. 
A Maconha/Cânhamo/Cannabis se tornou ilegal e imediatamente foi substituída pelo petróleo carvão e gás natural. Foi feito uma proibição e banimento da planta tão feroz que a palavra Maconha, Cânhamo e Cannabis não foram nunca mais usadas nas escolas desde 1940, até os dias de hoje. 

O legado da Maconha/Cânhamo/Cannabis foi apagado da história contada nas escolas a partir de 1945. Quer uma prova? Pense bem e responda: O que você aprendeu sobre Maconha/Cânhamo/Cannabis no primário, no fundamental, no colégio ou mesmo na faculdade? Talvez dos seus pais ou avós. Fora as notícias dos jornais de submundo, nada foi dito, ensinado ou mencionado. 
Esta irresponsável atitude do Governo Americano e de outros países coniventes com esse crime contra a humanidade em suprimir continuamente estas informações colocou o mundo em risco mortal. Eu acredito que para salvarmos o planeta, temos que eliminar por completo o uso de combustíveis fósseis. 

Maconha/Cânhamo/Cannabis, juntamente com energia dólar, do vento, das ondas pode salvar o planeta, fornecendo toda a energia, papel, tecido e de 10% a 20% dos medicamentos que precisamos, naturalmente. Além de tudo isso teríamos uma redução drástica da Chuva ácida e poluição química, regeneraríamos o solo do planeta e reverteríamos o efeito estufa. Nenhuma outra planta ou outro ser vivo tem este poder. 

A Cannabis era parte do dia a dia de nossas vidas. Virtualmente todas as propriedades rurais e todos os pedaços de terra nas cidades ao redor dos Estados Unidos e do mundo, há 120 anos, tinham Maconha crescendo a vontade. Esta enganação do Governo Americano sobre a Cannabis me enoja e deveria enojar você também. Depois de três décadas de estudo, não consigo acreditar que o Governo dos Estados Unidos, numa discussão que durou 90 segundos no Congresso, pode criminalizar a Maconha em 1937, sem que o povo estendesse que estavam proibindo o uso do Cânhamo, a mais perfeita planta para o planeta. Eles conseguiram inclusive que os outros países proibissem-na logo após a Segunda Guerra Mundial. 
De 1740 até 1940, 80% de toda Maconha do mundo era cultivada e industrializada pelos Cossacos e exportada pela Rússia. De 75% a 90% de todo papel usado desde 100 dC até 1883 era feito de Cânhamo. Livros (incluindo Bíblias), dinheiro e jornais ao redor do mundo eram principalmente feitos de Maconha. 
A 125 anos atrás, de 70% a 90% de toda corda, barbante, cabos, velas de navios, lonas, tecidos, roupas etc., eram feitos de fibra Cannabis, que foi substituída pela invenção da fibra petroquímica feita pela DuPont em 1937. 

A fibra do Cânhamo é 4 vezes mais macia que a do algodão, 4 vezes mais quente, 4 vezes mais absorvente, 3 vezes mais elástica, muito mais durável, é retardante de chamas e não precisa de pesticidas nem adubação. Cinqüenta por cento de todos os pesticidas produzidos são usados no algodão. Hoje 1% das terras americanas são cobertas por algodão. 
A Cannabis é como planta, a maior fonte de saúde e cura do nosso planeta e não usa pesticida e herbicida. É a mais saudável planta para o consumo humano e para o próprio planeta. 


Por favor ajude a retransmitir estes conhecimentos para todos, Obrigado, 
Jack Herer 2 /14/07 




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

music is the most high



“o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado. Não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso, não conhece a natureza humana”

Bakunin

quinta-feira, 27 de setembro de 2012



Documentário que mostra o começo do punk rock no Brasil. 

está tudo bem continue comprando



Para mim é odioso seguir e também guiar.
Obedecer? Não! E tampouco - governar!
Quem não é terrível para si, a ninguém inspira terror:
E somente quem inspira terror é capaz de comandar.
Para mim já é odioso comandar a mim mesmo.
Gosto, como os animais da floresta e do mar,
De por algum tempo me perder,
De permanecer num amável recanto a cismar,
E enfim me chamar pela distância,
Seduzindo-me para - voltar a mim.

Nietzsche

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

as paredes da grécia também falam


“The shop windows of capitalism were broken
and images of fascism have appeared”


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

old school



Guerra ao Tráfico e a criminalização da pobreza 

estadopolicial



''Consciência social de brasileiro é medo da polícia''

Nelson Rodrigues

sábado, 11 de agosto de 2012

Você deveria ser seu proprio mestre




“…é cerca de 0.0000001% da população mundial que causa 99.999999% dos problemas do mundo e essa pequena porcentagem não é a conspiração banqueira judaica, não são os refugiados políticos, não é a conspiração secreta dos homossexuais, nem os cientologistas. São os líderes. Mas o que precisamos não é uma administração na maioria dos casos. Não precisamos de ninguém nos dando ordens.”

Alan Moore fala sobre V de Vigança

domingo, 5 de agosto de 2012

gigolo de livro




‎"Empresas no lugar de nações.

Consumidores em lugar de cidadãos.
Aglomerações em lugar de cidades.
Não há pessoas, só públicos.
Não há realidades, só publicidades.
Não há visões, só televisões.
Para elogiar uma flor, diz-se: "Parece de plástico"

Eduardo Galeano



domingo, 15 de julho de 2012

depois do almoço




Aos que vierem depois de nós



Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar. 

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranquilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles. 
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra. 

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.



Bertolt Brecht (Tradução de Manuel Bandeira)

domingo, 8 de julho de 2012

vamos dropar





  "Tenho horror visceral a todas as religiões e espiritualidades, a todas as formas de estado, a todas as estabilizações, silenciamentos e opressões. E principalmente aos rebanhos e multidões em suas minúsculas lutas por sobrevivência. Mas antes disso fujo dos intelectuais de escola primária que não sabem disso, dos artistas tonitroantes e herdeiros da pátria, dos escritores herdeiros da língua e que mentem descaradamente que não passam de servos."
Parerga e Paralipomena, Schopenhauer

sexta-feira, 6 de julho de 2012




"As coisas não vão bem quando a humanidade fatiga excessivamente sua inteligência e procura ordenar com auxílio da razão as coisas inacessíveis à razão. Então surgem ideais, tais como os dos americanos ou dos bolchevistas; ambos são extraordinariamente racionais, mas desejando ingenuamente simplificar a vida acabam por violentá-la de maneira terrível. A igualdade do homem, um ato ideal das épocas pretéritas, está a ponto de se tornar um clichê. Talvez nós, os loucos, consigamos enobrecê-lo um pouco."


Hermann Hesse em O Lobo da Estepe

segunda-feira, 25 de junho de 2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

sucexo


Segue link do coletivo anti-proibicionista DAR

quinta-feira, 31 de maio de 2012

nunca vi alguém ficar tão triste por tocar em um seio





" [...] Tenha cuidado com seus líderes, pois existem muitos 
nas suas fileiras que prefeririam ser presidente da General Motors do que incendiar o Posto Shell da esquina. Mas como eles não podem ter um eles pegam o outro. São esses os ratos humanos que por séculos nos têm mantido onde nos encontramos [..] " 

 Bukowski
. Notas de um Velho Safado

quarta-feira, 30 de maio de 2012

brasilidades

[...] de que o ócio importa mais que o negócio e de que a atividade produtora é, em si, menos valiosa que a contemplação e o amor. Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil

sexta-feira, 4 de maio de 2012




Hadda Been Playing On The Jukebox

Written by Allen Ginsberg, performed by Rage Against the Machine


It had to be flashin' like the daily double
It had to be playin' on TV
It had to be loud mouthed on the comedy hour
It had to be announced over loud speakers 


The CIA and the Mafia are in cahoots 


It had to be said in old ladies' language
It had to be said in American headlines


Kennedy stretched and smiled and got double crossed by lowlife goons and agents
Rich bankers with criminal connections
Dope pushers in CIA working with dope pushers from Cuba working with a
big time syndicate from Tampa, Florida


And it had to be said with a big mouth
It had to be moaned over factory foghorns
It had to be chattered on car radio news broadcasts
It had to be screamed in the kitchen
It had to be yelled in the basement where uncles were fighting
It had to be howled on the streets by newsboys to bus conductors
It had to be foghorned into New York harbor
It had to echo onto hard hats
It had to turn up the volume in university ballrooms
It had to be written in library books, footnoted
It had to be in the headlines of the Times and Le Monde
It had to be barked on TV
It had to be heard in alleys through ballroom doors
It had to be played on wire services
It had to be bells ringing


Comedians stopped dead in the middle of a joke in Las Vegas
It had to be FBI chief J. Edgar Hoover and Frank Costello syndicate
mouthpiece meeting in Central Park, New York weekends,
reported Time magazine 


It had to be the Mafia and the CIA together starting war on Cuba,
Bay of Pigs and poison assassination headlines
It had to be dope cops in the Mafia
Who sold all their heroin in America
It had to be the FBI and organized crime working together
in cahoots against the commies
It had to be ringing on multinational cash registers


A world-wide laundry for organized criminal money 


It had to be the CIA and the Mafia and the FBI together
They were bigger than Nixon
And they were bigger than war
It had to be a large room full of murder
It had to be a mounted ass- a solid mass of rage


A red hot pen


A scream in the back of the throat 


It had to be a kid that can breathe
It had to be in Rockefellers' mouth
It had to be central intelligence, the family, allofthis, the agency Mafia
It had to be organized crime 


One big set of gangs working together in cahoots 


Hitmen
Murderers everywhere
The secret
The drunk
The brutal
The dirty rich 


On top of a slag heap of prisons


Industrial cancer
Plutonium smog
Garbage cities
Grandmas' bed soft from fathers' resentment 


It had to be the rulers
They wanted law and order
And they got rich on wanting protection for the status quo
They wanted junkies
They wanted Attica
They wanted Kent State
They wanted war in Indochina 


It had to be the CIA and the Mafia and the FBI
Multinational capitalists


Strong armed squads
Private detective agencies for the rich
And their armies and navies and their air force bombing planes 


It had to be capitalism


The vortex of this rage
This competition
Man to man
The horses head in a capitalists' bed
The Cuban turf
It rumbles in hitmen
And gang wars across oceans 


Bombing Cambodia settled the score when Soviet pilots
manned Egyptian fighter planes
Chiles' red democracy
Bumped off with White House pots and pans
A warning to Mediterranean governments
The secret police have been embraced for decades 


The NKPD and CIA keep each other's secrets
The OGBU and DIA never hit their own
The KGB and the FBI are one mind 


Brute force and full of money
Brute force, world-wide, and full of money
Brute force, world-wide, and full of money
Brute force, world-wide, and full of money
Brute force, world-wide, and full of money 


It had to be rich and it had to be powerful


They had to murder in Indonesia 500000
They had to murder in Indochina 2000000
They had to murder in Czechoslovakia
They had to murder in Chile
They had to murder in Russia 


And they had to murder in America

domingo, 15 de abril de 2012

O itnerário de um puteiro, é o Brasil Brasileiro

Ouviram do ipiranga, almas estáticas
Povo paranóico, fraco e ignorante
Jaz o sol da Liberdade, seguimos fudidos
Formou o céu da Pátria de farsantes

Pro senhor, desiguldade
Pra elite o dinheiro em carros fortes
Em teu seio, mediocridade
Desafio a por um fim na falsidade

Óh patria armada, sendo estuprada
Salve, Salve!

Brasil, puteiro imenso, Estado cínico...

Johnny Storvo

domingo, 11 de março de 2012





- Estás com sono? 

 Não, senhor. 
- Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são? 
- Onze. 
- Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...



- Papai... 
- Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante.















- Sim, senhor. 
- Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade. 





- Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? 

- Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regime do aprumo e do compasso. O sábio que disse: "a gravidade é um mistério do corpo", definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que, embora resida no aspecto, é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo, tão-somente do corpo, um sinal da natureza ou um jeito da vida. Quanto à idade de quarenta e cinco anos... 













- É verdade, por que quarenta e cinco anos? 


- Não é, como podes supor, um limite arbitrário, filho do puro capricho; é a data normal do fenômeno. Geralmente, o verdadeiro medalhão começa a manifestar-se entre os quarenta e cinco e cinqüenta anos, conquanto alguns exemplos se dêem entre os cinqüenta e cinco e os sessenta; mas estes são raros. Há-os também de quarenta anos, e outros mais precoces, de trinta e cinco e de trinta; não são, todavia, vulgares. Não falo dos de vinte e cinco anos: esse madrugar é privilégio do gênio. 








- Entendo. 

 Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas idéias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente; coisa que entenderás bem, imaginando, por exemplo, um ator defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de artifício, dissimular o defeito aos olhos da platéia; mas era muito melhor dispor dos dois. O mesmo se dá com as idéias; pode-se, com violência, abafá-las, escondê-las até à morte; mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante esforço conviria ao exercício da vida.









- Mas quem lhe diz que eu... 

- Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de idéias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloqüente, eis aí uma esperança, No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas idéias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As idéias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofreemos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto. 












- Creio que assim seja; mas um tal obstáculo é invencível.

- Não é; há um meio; é lançar mão de um regime debilitante, ler compêndios de retórica, ouvir certos discursos, etc. O voltarete, o dominó e o whist são remédios aprovados. O whist tem até a rara vantagem de acostumar ao silêncio, que é a forma mais acentuada da circunspecção. Não digo o mesmo da natação, da equitação e da ginástica, embora elas façam repousar o cérebro; mas por isso mesmo que o fazem repousar, restituem-lhe as forças e a atividade perdidas. O bilhar é excelente.





- Como assim, se também é um exercício corporal? 

 Não digo que não, mas há coisas em que a observação desmente a teoria. Se te aconselho excepcionalmente o bilhar é porque as estatísticas mais escrupulosas mostram que três quartas partes dos habituados do taco partilham as opiniões do mesmo taco. O passeio nas ruas, mormente nas de recreio e parada, é utilíssimo, com a condição de não andares desacompanhado, porque a solidão é oficina de idéias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade.








- Mas se eu não tiver à mão um amigo apto e disposto a ir comigo? 

- Não faz mal; tens o valente recurso de mesclar-te aos pasmatórios, em que toda a poeira da solidão se dissipa. As livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra, razão que me escapa, não são propícias ao nosso fim; e, não obstante, há grande conveniência em entrar por elas, de quando em quando, não digo às ocultas, mas às escâncaras. Podes resolver a dificuldade de um modo simples: vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais das belas crônicas de Mazade; 75 por cento desses estimáveis cavalheiros repetir-te-ão as mesmas opiniões, e uma tal monotonia é grandemente saudável. Com este regime, durante oito, dez, dezoito meses - suponhamos dois anos, - reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do vocabulário, porque ele está subentendido no uso das idéias; há de ser naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de clarim... - Isto é o diabo! Não poder adornar o estilo, de quando em quando...







- Podes; podes empregar umas quantas figuras expressivas, a hidra de Lerna, por exemplo, a cabeça de Medusa, o tonel das Danaides, as asas de Ícaro, e outras, que românticos, clássicos e realistas empregam sem desar, quando precisam delas. Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação, ou de agradecimento. Caveant consules é um excelente fecho de artigo político; o mesmo direi do Si vis pacem para bellum. Alguns costumam renovar o sabor de uma citação intercalando-a numa frase nova, original e bela, mas não te aconselho esse artifício: seria desnaturar-lhe as graças vetustas. Melhor do que tudo isso, porém, que afinal não passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos anos, incrustadas na memória individual e pública. Essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar os outros a um esforço inútil. Não as relaciono agora, mas fá-lo-ei por escrito. De resto, o mesmo ofício te irá ensinando os elementos dessa arte difícil de pensar o pensado. Quanto à utilidade de um tal sistema, basta figurar uma hipótese. Faz-se uma lei, executa-se, não produz efeito, subsiste o mal. Eis aí uma questão que pode aguçar as curiosidades vadias, dar ensejo a um inquérito pedantesco, a uma coleta fastidiosa de documentos e observações, análise das causas prováveis, causas certas, causas possíveis, um estudo infinito das aptidões do sujeito reformado, da natureza do mal, da manipulação do remédio, das circunstâncias da aplicação; matéria, enfim, para todo um andaime de palavras, conceitos, e desvarios. Tu poupas aos teus semelhantes todo esse imenso aranzel, tu dizes simplesmente: Antes das leis, reformemos os costumes! - E esta frase sintética, transparente, límpida, tirada ao pecúlio comum, resolve mais depressa o problema, entra pelos espíritos como um jorro súbito de sol. 






























- Vejo por aí que vosmecê condena toda e qualquer aplicação de processos modernos.

- Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a denominação. O mesmo direi de toda a recente terminologia científica; deves decorá-la. Conquanto o rasgo peculiar do medalhão seja uma certa atitude de deus Término, e as ciências sejam obra do movimento humano, como tens de ser medalhão mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo. E de duas uma: - ou elas estarão usadas e divulgadas daqui a trinta anos, ou conservar-se-ão novas; no primeiro caso, pertencem-te de foro próprio; no segundo, podes ter a coquetice de as trazer, para mostrar que também és pintor. De outiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular idéias novas, e é radicalmente falso. Acresce que no dia em que viesses a assenhorear-te do espírito daquelas leis e fórmulas, serias provavelmente levado a empregá-las com um tal ou qual comedimento, como a costureira esperta e afreguesada, - que, segundo um poeta clássico, Quanto mais pano tem, mais poupa o corte, Menos monte alardeia de retalhos; e este fenômeno, tratando-se de um medalhão, é que não seria científico.



















- Upa! que a profissão é difícil!
- E ainda não chegamos ao cabo.
- Vamos a ele.
- Não te falei ainda dos benefícios da publicidade. A publicidade é uma dona loureira e senhoril, que tu deves requestar à força de pequenos mimos, confeitos, almofadinhas, coisas miúdas, que antes exprimem a constância do afeto do que o atrevimento e a ambição. Que D. Quixote solicite os favores dela mediante, ações heróicas ou custosas, é um sestro próprio desse ilustre lunático. O verdadeiro medalhão tem outra política. Longe de inventar um Tratado científico da criação dos carneiros, compra um carneiro e dá-o aos amigos sob a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos. Uma notícia traz outra; cinco, dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Comissões ou deputações para felicitar um agraciado, um benemérito, um forasteiro, têm singulares merecimentos, e assim as irmandades e associações diversas, sejam mitológicas, cinegéticas ou coreográficas. Os sucessos de certa ordem, embora de pouca monta, podem ser trazidos a lume, contanto que ponham em relevo a tua pessoa. Explico-me. Se caíres de um carro, sem outro dano, além do susto, é útil mandá-lo dizer aos quatro ventos, não pelo fato em si, que é insignificante, mas pelo efeito de recordar um nome caro às afeições gerais. Percebeste?


- Percebi. 

- Essa é publicidade constante, barata, fácil, de todos os dias; mas há outra. Qualquer que seja a teoria das artes, é fora de dúvida que o sentimento da família, a amizade pessoal e a estima pública instigam à reprodução das feições de um homem amado ou benemérito. Nada obsta a que sejas objeto de uma tal distinção, principalmente se a sagacidade dos amigos não achar em ti repugnância. Em semelhante caso, não só as regras da mais vulgar polidez mandam aceitar o retrato ou o busto, como seria desazado impedir que os amigos o expusessem em qualquer casa pública. Dessa maneira o nome fica ligado à pessoa; os que houverem lido o teu recente discurso (suponhamos) na sessão inaugural da União dos Cabeleireiros, reconhecerão na compostura das feições o autor dessa obra grave, em que a "alavanca do progresso" e o "suor do trabalho" vencem as "fauces hiantes" da miséria. No caso de que uma comissão te leve a casa o retrato, deves agradecer-lhe o obséquio com um discurso cheio de gratidão e um copo d'água: é uso antigo, razoável e honesto. Convidarás então os melhores amigos, os parentes, e, se for possível, uma ou duas pessoas de representação. Mais. Se esse dia é um dia de glória ou regozijo, não vejo que possas, decentemente, recusar um lugar à mesa aos reporters dos jornais. Em todo o caso, se as obrigações desses cidadãos os retiverem noutra parte, podes ajudá-los de certa maneira, redigindo tu mesmo a notícia da festa; e, dado que por um tal ou qual escrúpulo, aliás desculpável, não queiras com a própria mão anexar ao teu nome os qualificativos dignos dele, incumbe a notícia a algum amigo ou parente.
























- Digo-lhe que o que vosmecê me ensina não é nada fácil.
- Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário.








- E parece-lhe que todo esse ofício é apenas um sobressalente para os deficits da vida?







- Decerto; não fica excluída nenhuma outra atividade.
- Nem política?
- Nem política. Toda a questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma idéia especial a esses vocábulos, e reconhecer-lhe somente a utilidade do scibboleth bíblico.




- Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna?
- Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; - é mais fácil e mais atraente. Supõe que desejas saber por que motivo a 7ª companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão-somente pelo ministro da guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.














- Farei o que puder. Nenhuma imaginação? 
- Nenhuma; antes faze correr o boato de que um tal dom é ínfimo. 

- Nenhuma filosofia? 
- Entendamo-nos: no papel e na língua alguma, na realidade nada. "Filosofia da história", por exemplo, é uma locução que deves empregar com freqüência, mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc. 




- Também ao riso? 
- Como ao riso?
- Ficar sério, muito sério...
- Conforme. Tens um gênio folgazão, prazenteiro, não hás de sofreá-lo nem eliminá-lo; podes brincar e rir alguma vez. Medalhão não quer dizer melancólico. Um grave pode ter seus momentos de expansão alegre. Somente, - e este ponto é melindroso...



- Diga... 

- Somente não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência, contraído por Luciano, transmitido a Swift e Voltaire, feição própria dos cépticos e desabusados. Não. Usa antes a chalaça, a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem biocos, nem véus, que se mete pela cara dos outros, estala como uma palmada, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os suspensórios. Usa a chalaça. Que é isto? 







- Meia-noite.

- Meia-noite? Entras nos teus vinte e dois anos, meu peralta; estás definitivamente maior. Vamos dormir, que é tarde. Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale o Príncipe de Machiavelli. Vamos dormir.


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