Documentários

terça-feira, 30 de novembro de 2010

The Doors - Roadhouse Blues




Keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
yeah, we're goin' to the roadhouse
we're gonna have a real
good time
Yeah, back at the roadhouse we've got some bungalows
yeah, back at the roadhouse we've got some bungalows
and that's for the people
who like to go down slow
Let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, all night long
Do it, honey, do it
You gotta roll, roll, roll
you gotta thrill my soul, all right
roll, roll, roll, roll
thrill my soul
You gotta beep a gunk a chucha
Honk konk konk
You gotta each you puna
Each ya bop a luba
Each yall bump a kechonk
Ease sum konk
Ya, ride
Ashen lady, Ashen lady
give up your vows, give up your vows
save our city, save our city
right now
Well, i woke up this morning, i got myself a beer
well, i woke up this morning, and i got myself a beer
the future's uncertain, and the end is always near
Let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, all night long
Começa o jogo, você é pálido, desperta sangrando e com dores. Primeira respiração sem auxílio umbilical, dolorosa e prazerosa. Apenas uma breve sinopse sobre seu ciclo nesse plano.

Os meses passam, seu raciocínio é expandido em uma progressão geométrica que alguns poucos acreditam ser infinita. Sente a fome, por isso chora. Sente-se sujo, por isso grita! Palavras surgem, são expelidas sem pudor mesmo sem possuírem o menor sentido. Algumas até passam a ter significado com o tempo, outras nem um pouco.

Os anos passam. Abençoado com boa audição ele agora já tem boa comunicação com seus semelhantes. Boa o bastante para finalmente perceber que faz parte desse jogo. Nesse ponto, vê sua criatividade ser instigada por sua própria natureza. Já possui dentro de si a idéia de liberdade, embora as massissas paredes de concreto tentem faze-lo pensar diferente.

O tempo nunca para. E a cada click do relógio interno que carrega no peito, sente-se mais forte e menos vulnerável. Fisica e intelectualmente mais capaz, o agora rapaz tenta se adequar a algum dos moldes à ele impostos desde sua infância. Gera dentro de sí a força necessária para que ele mesmo possa se iludir.

Chega à vida adulta precocemente e sem ao menos perceber vive sozinho, pois assim as ruas lhe ensinaram. A antiga força que alimentava sua alma perde força a cada dia. Não mais se adequa a nenhum molde ou conceito.

É mal visto pelo que fala, mal falado pelo que ouve e não mais ouvido pelo que vê. Seu olhar vermelho e ausente indica que aquele corpo já não mais lhe satisfaz. É um espírito livre, energia em movimento, matéria em decomposição.
 
 
por: João Bertoni


intenso
girando

me torno
rede moinho

me arrebato
na dança

me desfaço
aos pedaços

me perco
sozinho


Alberto Lins Caldas

O FINAL, MENTE?


Hoje, no fim de meus dias de escravidão, 
de meus dias de provedor e macho,
 tornei-me pai de minha morte! 
Logo eu, que não tive filhos, que não tive casa,
 que não tive o deus de Jó!
Logo eu, que tive idéias, que tive filosofias, 
meus sonhos e monstros empilhados,
 como os  textos impublicáveis, 
que guardamos no armário das coisas nulas, 
tornei-me, ultimamente, pai de um fim.
 Daí os versos, daí tudo o mais...
 onde se diz, um dia, e finalmente:
 – Foda-se!

texto: Jõao José

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

To The Whore Who Took My Poems / Para A Puta Que Roubou Meus Poemas



some say we should keep personal remorse from the poem,
stay abstract, and there is some reason in this,
but jesus;
twelve poems gone and I don't keep carbons and you have
my paintings too, my best ones; its stifling:
are you trying to crush me out like the rest of them?
why didn't you take my money? they usually do

from the sleeping drunken pants sick in the corner.
next time take my left arm or a fifty
but not my poems:
I'm not Shakespeare
but sometime simply
there won't be any more, abstract or otherwise;
there'll always be mony and whores and drunkards
down to the last bomb,
but as God said,
crossing his legs,
I see where I have made plenty of poets
but not so very much
poetry.


............................


alguns dizem que devemos guardar um remorso pessoal do poema,
permanecer abstrato, e há alguma razão nisso, 
mas Jezus;
doze poemas se foram e eu não guardo carbonos e você tem 
as minhas pinturas também, minhas melhores; é asfixiante
você está tentando me esmagar como o resto deles?
por que você não toma o meu dinheiro? é o que costumam fazer
da calça de dormir bêbada e doente no canto.
da próxima vez leve o meu braço esquerdo ou cinqüentinha,
mas não meus poemas:
eu não sou Shakespeare
mas alguma hora simplesmente
não haverá mais nenhum, abstrato ou não;
sempre haverá dinheiro e putas e bêbados
até a última bomba, 
mas como Deus disse, 
cruzando as pernas,
eu vejo que eu tenho feito muitos poetas
mas nem tanta
poesia.


Texto: Charles Bukowski
Desenho: Leyla Buk, feito para o filme O Doce Avanço da Faca (Média-metragem, Canibal Filmes, 2010)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Como se fosse a primeira vez

Carrego comigo o peso de uma alma lavada pela água intermitante dos céus. Observando ao redor, acompanhamos ao vivo e em alta definição a morte de soldados, fortemente armados.
Instigado pelo zoodíaco a fomentar dentro do meu ser uma dupla personalidade geminiana. Mas é claro que existe um lado puro e bom, como também um lado mal e sádico, que atordoa seus pensamentos e domina suas atitudes.
Envenenado divinamente, os efeitos da planta sagrada induzem os acasos a determinar seus passos. Eleva-se a temperatura e eu trago, indago. Fecho meus olhos esperando não mais retornar ao mesmo lugar. E é quando cai a máscara que volto ao tempo, em meio a mata, fungos e o sereno.
Com toda tranquilidade que só o desespero trás, assisto de cima da me uma árvore falsos pastores destruirem minha tribo, queimarem meu abrigo, catequização e genocídio. E da mesma forma que vim, outro dia acabo indo. Como quem quis mas não pôde, talvez mudar o destino.

Texto: João Estorvo

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pesca Esportiva



     Imaginem um quarto minúsculo de um apartamento menor ainda. Dentro do quarto uma cama, uma TV e uma poltrona, onde o aposentado passava a maior parte do tempo sentado, de camisa aberta e cueca, coçando a enorme barriga, esparramado como uma geléia de carne e pelos. Já estava com 60 ou 70 anos, nem ele se lembrava direito, dia após dia era a mesma coisa, acordar, mijar, sentar e coçar. Trocava de canal aleatóriamente e se entusiasmava com a enorme quantidade de coisas para se ver, lugares para visitar, comidas para experimentar, histórias para se emocionar, tudo ali, diante de seus olhos cansados, porém, esbugalhados e atentos à tudo que vinha de dentro daquela pequena e maravilhosa caixa. 
  Certo dia, numa de suas magníficas tele-viagens ele se viu assistindo um canal de pesca esportiva, não demorou muito e ele já estava lá, em um barco no meio do nada jogando sua isca. Logo mais a frente, outro pescador.
     - Bom dia. - disse o aposentado para seu companheiro de pesca
     - Bom dia!, como vai a pescaria por ai?
     - Hoje o mar não ta pra peixe...
     - Que nada! aqui tem muito peixe, o problema deve ser a sua isca.
     Ele ficou olhando o homem, que já sentia mais uma fisgada em sua vara. - Esse é dos grandes! - disse o pescador. Ele trouxe o peixe até o barco e ficou observando-o com atenção.
     - Você vai levar pra casa?
     - Vou te falar uma coisa sobre pesca esportiva - Disse o pescador - Esse eu acabei de fisgar 5 minutos atrás. Vê? - Disse, apontando a cara esbugalhada e assustada do peixe para seu curioso companheiro - Esses peixes são muito burros, são estúpidos, não tem memória, eu acabei de fisga-lo e ele continua cometendo o mesmo erro. Eu vou ficar aqui muito tempo, porque deixa-lo no barco apodrecendo se eu sei, que mais tarde eu vou conseguir fisga-lo de novo?
Derrepente o homem está de novo em sua poltrona. Ele se levanta, vai ao banheiro, mija, lava o rosto, cospe um pequeno anzol com um pouco de sangue, senta, coça e começa a trocar de canal.


Imagem: Prometo que vou descobrir
Texo: Tomás Melo


Títulos são meras formalidades

"A tua vida é a tua vida
Não a deixes ser dividida em submissão fria.
Está atento
Há outros caminhos,
Há uma luz algures.
Pode não ser muita luz mas
vence a escuridão.
Está atento.
Os deuses oferecer-te-ão hipóteses.
Conhece-las.
Agarra-las.
Não podes vencer a morte mas
podes vencer a morte em vida, às vezes.
E quanto mais o aprendes a fazê-lo,
mais luz haverá.
A tua vida é a tua vida.
Memoriza-o enquanto a tens.
És magnífico.
Os deuses esperam por se deliciarem
em ti."

Charles Bukowski
Imagem: Guinkstoned

terça-feira, 16 de novembro de 2010

¡Ya basta!


Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos.


Texto: Sub-comandante Marcos (explicando porque todos os zapatistas dizem que se chamam "Marcos")



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

rascunho queimado


         Compre, obedeça, trabalhe, faça, vá, siga... Quem diz, quem fala, quem manda? Porque assim ? porque assado? Eu tenho minha liberdade! Eu escolho! Eu Tenho? eu Escolho ? Quem sou eu? quem eles querem e me fazem ser? eles? eles quem?  
             Quantas perguntas, quanta falta de resposta.           
           Qual é e de onde veio essa cerca que limita o que digo, o que penso, o que faço. Ao menos, meus sentimentos não, sentimento é coisa minha! Mas, pensando melhor, o amor por exemplo, porque ele tanto respeita cor, idade, classe social, sexo ?
         Será que nasci com um manual que devo cuidadosamente seguir? Ou ao longo de minha vida o constuiram? Hoje comecei a refletir, talvez a primeira página do manual foi escrito quando me vestiram de azul no meu primeiro dia, brinco na minha irmã e em mim não, em seguida me batizaram, me leram historias e descobri que ser bem sucedido é terminar rico ao lado de uma mulher linda, adiantando... cheguei a escola, fizeram filas separando meninos de meninas, recebi notas, aprendi a competir, a vida foi seguindo e continuei aprendendo, aprendendo, aprendendo... meu manual já é extenso, e hoje quero queimá-lo, decidi que não vou esperar a fada azul para deixar de ser um boneco que ajuda a sustentar a sociedade, me livrem das cordas que me transformaram nesse ventríloco. Mas... sem elas como me expresso, como me movo, como me sinto... não a deixem... e além disso eu posso queimar meu manual? eu consigo queimá-lo? Parece que não, mas de qualquer maneira fugi a uma de suas regras, pensei no que não está nele, me questionei sobre ele, a punição é cara, mas estou disposto a pagar por ela.


texto: Pedrão vulgo pau de anão

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sorte ao rei



A maioria dos homens arruína suas vidas por força de um altruísmo doentio e extremado são forçados, deveras, a arruiná-las. Acham-se cercados dos horrores da pobreza, dos horrores da fealdade, dos horrores da fome. É inevitável que se sintam fortemente tocados por tudo isso. As emoções do homem são despertadas mais rapidamente que sua inteligência [...] é bem mais fácil sensibilizar-se com a dor do que com a idéia. Conseqüentemente, com intenções louváveis embora mal aplicadas, atiram-se, graves e compassivos, à tarefa de remediar os males que vêem. Mas seus remédios não curam a doença: só fazem prolongá-la. De fato, seus remédios são parte da doença.
Buscam solucionar o problema da pobreza, por exemplo, mantendo vivo o pobre; ou, segundo uma teoria mais avançada, entretendo o pobre.
Mas isto não é uma solução: é um agravamento da dificuldade. A meta adequada é esforçar-se por reconstruir a sociedade em bases tais que nela seja impossível à pobreza. E as virtudes altruístas têm na realidade impedido de alcançar essa meta. Os piores senhores eram os que se mostravam mais bondosos para com seus escravos, pois assim impediam que o horror do sistema fosse percebido pelos que o sofriam, e compreendido pelos que o contemplavam.


Oscar Wilde

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A ân$ia da ganância


Abro os braços aos abraços da vida, sintetizando a poesia na prática e não em teoria. Vejo direitos serem estuprados, irmãos tratados como ratos, em um futuro próximo o governo seguindo seus passos. Monitoramento de deslocamento e variabilidade comportamental, a manipulação da informação é tão perigosa quanto uma arma letal. Elevo-me e me concentro ao não querer perder meu tempo concentrando renda, há quem em vida não se venda.

Texto:João Estorvo
Imagem: Google-->Imagens--->Greed