Documentários

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Começa o jogo, você é pálido, desperta sangrando e com dores. Primeira respiração sem auxílio umbilical, dolorosa e prazerosa. Apenas uma breve sinopse sobre seu ciclo nesse plano.

Os meses passam, seu raciocínio é expandido em uma progressão geométrica que alguns poucos acreditam ser infinita. Sente a fome, por isso chora. Sente-se sujo, por isso grita! Palavras surgem, são expelidas sem pudor mesmo sem possuírem o menor sentido. Algumas até passam a ter significado com o tempo, outras nem um pouco.

Os anos passam. Abençoado com boa audição ele agora já tem boa comunicação com seus semelhantes. Boa o bastante para finalmente perceber que faz parte desse jogo. Nesse ponto, vê sua criatividade ser instigada por sua própria natureza. Já possui dentro de si a idéia de liberdade, embora as massissas paredes de concreto tentem faze-lo pensar diferente.

O tempo nunca para. E a cada click do relógio interno que carrega no peito, sente-se mais forte e menos vulnerável. Fisica e intelectualmente mais capaz, o agora rapaz tenta se adequar a algum dos moldes à ele impostos desde sua infância. Gera dentro de sí a força necessária para que ele mesmo possa se iludir.

Chega à vida adulta precocemente e sem ao menos perceber vive sozinho, pois assim as ruas lhe ensinaram. A antiga força que alimentava sua alma perde força a cada dia. Não mais se adequa a nenhum molde ou conceito.

É mal visto pelo que fala, mal falado pelo que ouve e não mais ouvido pelo que vê. Seu olhar vermelho e ausente indica que aquele corpo já não mais lhe satisfaz. É um espírito livre, energia em movimento, matéria em decomposição.
 
 
por: João Bertoni

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