São 5 a.m. e ele se levanta para mais um dia no batente, o movimento tornara-se praticamente mecânico, o despertador ja se calou, porém, seu berro estridente ainda ecoa em sua cabeça oca enquanto escova os dentes, tentando abrir os olhos colados para ver se encontra-se em um estado no mínimo aceitável, e desistindo logo em seguida.
Anda até o ponto de ônibus e quando se da conta, ja está sendo espremido como um ferro velho, prensando suas energias, dando espaço de sobra para a vontade de servir.
No local em que se encontra estacionado não há janelas, nem dialogos e nem musica, apenas o barulho de seus dedos magros e sem vida, martelando o teclado e o apitar da maquina copiadora, que, incanssávelmente, fabrica cópias e mais cópias da mesma monotonia.
Ao chegar em casa, senta-se na frente da televisão, e começa a absorver, imagens, inalar mediocridade, engolir falssidade e quando finalmente termina de secretar todo o resto de auto-conciência que lhe restava, desliga, deita-se e morre.
Foto: Thiago Guedert (www.flickr.com/photos/thiagoguedert)
Texto: Tomás Melo (Menace)
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