Como os homens são apressados aqui; como são caçados, perseguidos de modo terrível, impelidos a andar a toda velocidade! Assim por uma questão de auto defesa, eles não podem parar para olhar uns para os outros.
Texto : Carlyle em 1831
O próprio burburinho das ruas tem de repulsivo algo contra o qual a natureza humana se rebela. As centenas de milhares de pessoas de todas as classes e condições que passam umas pelas outras na multidão, não serão todas elas seres humanos com as mesmas qualidades e potencias, e com o mesmo interesse em ser felizes? E não terão elas, em última análise, de buas a felicidade do mesmo, através dos mesmos meios? E no entanto elas contunuam passando umas pelas outras como se nada tivessem em comum, como se uma nada tivesse a ver com a outra, e o único acordo que observam, tacitamenté, é o que faz com que cada um fique do seu lado da calçada, para não perturbar o fluxo da multidão que vem sentido contrário, e não ocorre a ninguém dirigir sequer um olhar ao outro como forma de consideração. A indiferença brutal, o isolamento insensível de cada um em seu interesse pessoal, torna-se mais repelente e ofensiva quanto mais esses indivíduos são amontoados dentro de um espaço limitado. E, por mais que se tenha consciência de que este isolamento do indivíduo, este egoísmo estreito, é o princípio fundumental de nossa sociedade em toda parte em nenhum lugar ele se exibe de modo tão desevergonhado, tão consciente, quanto aqui, na multidão da cidade grande. A dissolução da humanidade em mônadas, cada um das quais com seu princípio separado, o mundo de átomos, é levado aqui a suas últimas consequências.
Engels em A situação da classe operária na Inglaterra - 1844
A medida que a multidão vai se tornando mais densa, ela perde o caráter de aglomerado de uma infinidade de unidades e transforma-se num todo orgânico, uma criatura negra, semelhante a um molusco, que nada tem em comum com a humanidade, que assume as formas das ruas nas quais se coloca e estende horrendas excrescências e membros nos becos vizinhos; uma criatura cuja voz emana de sua superfície escamosa, que tem um olho em cada poro de corpo.
Hardy e seu monstro de 4 milhões de cabeças e 8 milhões de olhos.
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