Documentários

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011









Video divido em 3 partes de dois jornalistas que foram conferir a confusão em atenas nos dias 17 e 18 de novembro desse ano.

convocada greve geral de 48 hs devido a leis de austeridade que o governo grego iria votar. atenas is burnin

video curto enjoy.






terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O amanhecer no faiscar de uma arma

Tava a pé, pitando um, dando um rolé
chegou de farol baixo a viatura com os gambé.
Dizem: Qual é, você tá testando a minha fé?
Então me jogou em uma cela tipo a arca de noé.
Eu disse: Meu irmão, vê se me solta solta por favor
Ele respondeu: Menor tu vai é sentir dor.
Já sendo enquadrado pela mira da pistola
Batendo um desespero, tipo uma brisa de cola
Mais bem na hora, reviravolta pra essa história
uma bala perdida que acertou a tragetória
Vi seu corpo convulsionar, até tentei ir ajudar
Senti sua alma transcender, de sua sina se libertar
Ouvi uns anjos a cantar, pro santo pra te esperar
Eu li no fundo dos seus olhos, era um novo despertar.

Storvo.


sábado, 5 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011




Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo
Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também
Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



 "O zapatismo nao é uma nova doutrina ou ideologia, nem uma bandeira que substitua o comunismo, o capitalismo ou a social-democracia. Nem chega a ter corpo teórico acabado. Somos escorregadios para definicões. Escapamos dos esquemas. O zapatismo é um sintoma do que está ocorrendo no mundo, algo maior e mais geral que, em cada continente aparece de uma forma. Em cada lugar essa rebeldia apresenta formas e reivindicações próprias. Por isso dizemos que as rebeliões pelo mundo afora tem muito do zapatismo"


subcomandante marcos

Sem lei nem rei



"É sempre pela força que os homens trabalham além de suas necessidades. E exatamente essa força está ausente do mundo primitivo: a ausência dessa força externa define inclusive a natureza das sociedades primitivas.


[...] Na sociedade primitiva, sociedade essencialmente igualitária, os homens são senhores de sua atividade, senhores da circulação dos produtos dessa atividade: eles agem para si próprios...


tudo se desarruma quando o homem primitivo produz também para os outros, sem troca e sem reciprocidade. a regra igualitária de troca deixa de constutir o "codigo civil" da sociedade, quando a atividade de produção visa satisfazer as necessidades dos outros, quando a regra de troca é substituída pelo terror da divida."


Pierre Clastres in A sociedade contra o Estado.

Arte: Dedogz Chave Maloca 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vou direto ao seu preceito
de me apontar defeito
confesso sou desse jeito
congresso ao imperfeito
receio, sinceridade sem asseio
uma alma convidando mais um corpo prum passeio
aceito, já escolhi o meu acento
e pela imensidão eu vou voando contra o vento
aprendo, arrependo e vou me desprendendo
induzindo a liberdade a moldar o meu pensamento
eu quero as cinzas desse estado, um assassino cínico
já tô cansado desse falso atestado clínico
é tanto crime descarado até tolo já se ligou
pelo poder és explorado ou então és seu detentor

Texto: Storv0
Imagem:
Ferdinand Victor Eugène Delacroix

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

mentir solo yo soy capas


Dois de cada três seres humanos vivem no chamado Terceiro Mundo, mas dois de cada três correspondentes das agências noticiosas mais importantes fazem seu trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Em que consistem o livre fluxo da informação e o respeito a pluralidade, que os tratados internacionais afirmam e os discursos dos governantes invocam? A maioria das notícias que o mundo recebe provém da minoria da humanidade e a ela se dirige. Isso é muito conveniente do ponto de vista das agencias, empresas comerciais dedicadas à venda informação, que arrecadam na Europa e Estados Unidos a parte do leão de seus ganhos. Um monólogo do norte do mundo: as demais regiões e países recebem pouco ou nenhuma atenção, salvo em caso de guerra ou catástrofe, e com frequência os jornalistas, que transmitem o que, não falam a língua do lugar nem tem a menor ideia a respeito da história e da cultura locais. As informações que divulgam costumam ser duvidosas e, em alguns casos fracamente mentirosas. O sul fica condenado a olhar para si mesmo através de olhos que o depreciam.

Galeano

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ser governado é...


Texto: Pierre Joseph Proudhon
Arte: Peter Harper

terça-feira, 6 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

Pinga Poética

Mike Diana


A ninfeta está inibindo

seu libido que está vindo

seu peitinho puro, duro e lindo
sua pomba a mim sorrindo
eu só rindo e o pau sentindo


                                                      Storvo.

Inside Out Project


terça-feira, 30 de agosto de 2011





"Quem faz de si um animal selvagem fica livre da dor de ser um homem 

Dr. Johnson.

foto: Christopher Johnson McCandless ou Alex Supertramp



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O que tem feito suas mãos?



Eu tinha talento, eu tenho talento. Às vezes eu olho para minhas mãos e me dou conta que poderia ter sido um grande pianista ou algo assim. Mas o que tinham feito minhas mãos? Coçado minhas bolas, preenchido cheques, amarrado cadarços, puxado descargas de banheiro, etc. Desperdicei minhas mãos. E minha mente.


Bukowski - Pulp

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

- Garçom, mais mil

Sonzera 
- Salve !
- Como é que vai ?

- Amigo, há quanto tempo !
- Um ano ou mais...

- Posso sentar um pouco ?
- Faça o favor

- A vida é um dilema
- Nem sempre vale a pena...

- Pô...
- O que é que há ?

- Rosa acabou comigo
- Meu Deus, por quê ?

- Nem Deus sabe o motivo
- Deus é bom

- Mas não foi bom prá mim
- Todo amor um dia chega ao fim

- Triste
- É sempre assim

- Eu desejava um trago
- Garçom, mais dois

- Não sei quando eu lhe pago
- Se vê depois

- Estou desempregado
- Você está mais velho

- É
- Vida ruim

- Você está bem disposto
- Também sofri

- Mas não se vê no rosto
- Pode ser...

- Você foi mais feliz
- Dei mais sorte com a Beatriz

- Pois é
- É o quê ?

- Prá frente é que se anda
- Você se lembra dela ?

- Não
- Lhe apresentei

- Minha memória é fogo !
- E o l'argent ?

- Defendo algum no jogo
- E amanhã ?

- Que bom se eu morresse !
- Prá quê, rapaz ?

- Talvez Rosa sofresse
- Vá atrás !

- Na morte a gente esquece
- Mas no amor a gente fica em paz

- Adeus
- Toma mais um

- Já amolei bastante
- De jeito algum !

- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê

- Por você ter me ouvido
- Amigo é prá essas coisas

- Tá...
- Tome um cabral

- Sua amizade basta
- Pode faltar

- O apreço não tem preço. Eu vivo ao Deus-dará
- O apreço não tem preço. Eu vivo ao Deus-dará

sexta-feira, 12 de agosto de 2011





“The greatest crimes in the world are not committed by people breaking the rules but by people following the rules. It’s people who follow orders that drop bombs and massacre villages”


Banksy

quinta-feira, 11 de agosto de 2011





“Estamos na era fast-food e da digestão lenta, do homem grande de caráter pequeno, lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas ‘mágicas’. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.” 


George Carlin



É terça feira, e eu? mais excitado que nunca...pff, até parece.
Como seria essa frase verdadeira tendo em vista meu pau mole cheio de porra? O certo seria dizer "mais excitado que sempre". Olho pela janela do meu quarto e tudo que eu vejo é a parede vizinha de tijolos a vista - "coitados" - eu penso -" tão próximos e ao mesmo tempo tao distantes, tão peculiares e ao mesmo tempo tão igualmente nostálgicos, será que se animam ao ver o azul do ceu? e como são gananciosos! 24 horas por dia separados por uma barreira de cimento ciumento, sustentando um muro o qual ninguém se lembra mais, um muro que já é tao banal que só mesmo um tarado, desocupado para escrever sobre ele". A gana e a ânsia andam mancas lado a lado, como duas prostitutas siamesas que acabaram de trepar por um preço razoável ao famoso estilo "pague uma leve duas", enquanto a Gana se lambuza com o esperma hipócrita do mundo a Ânsia vomita e se engasga enquanto botam na sua bunda.
É um mundo lindo, e privado. Quem me dera ser um tijolo, mas enquanto isso, eu continuo aqui, sozinho com MINHA própria hipocrisia, masturbando MINHA ganância, no MEU quarto azul, rodeado por ciume.

Tomas Melo


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

one day as a lion


choosing our master doesn't make us less slaves.


domingo, 31 de julho de 2011

beba ayahuasca. um peyote vai bem.. mas cuidado visite seu xamã antes;





O xamanismo foi maravilhosamente definido por Mircea Eliade como “as técnicas arcaicas do êxtase”. O uso que Eliade faz do termo “arcaico” é importante aqui porque nos alerta para o papel que o xamanismo deve representar em qualquer renascimento autêntico das formas arcaicas vitais de ser, viver e compreender. O xamã consegue entrar num mundo que está oculto para quem vive na realidade comum. Nesta outra dimensão se escondem tanto poderes úteis como malévolos. Suas regras não são as regras de nosso mundo; parecem mais as regras que atuam nos mitos e nos sonhos.

Os curandeiros xamânicos insistem na existência de um Outro inteligente em alguma dimensão próxima. A existência de uma ecologia de almas ou uma inteligência não encarnada não é uma coisa com a qual a ciência possa se atracar e em seguida imergir com suas premissas intactas. Particularmente se esse Outro tem feito parte da cultura terrestre há muito tempo, presente porém invisível, compartilhando um segredo global.

Os textos de Carlos Castaneda e de seus imitadores resultaram numa coqueluche de “consciência xamânica” que, mesmo confusa, transformou o xamã de uma figura periférica na literatura da antropologia cultural, no modelo colocado pela mídia para a entrada na sociedade neo-arcaica. A despeito da atração que o xamanismo provoca sobre a imaginação popular, os fenômenos paranormais que ele presume serem reais e verdadeiros nunca foram levados a sério pela ciência moderna, ainda que os cientistas, num caso raro de deferência, tenham chamado psicólogos e entropólogos para analisar o xamanismo. Essa cegueira em relação ao mundo paranormal criou um ponto cego intelectual em nossa visão normal de mundo. Somos completamente inconscientes do mundo mágico do xamã. Ele é simplesmente mais estranho do que podemos supor.

Considere um xamã que use plantas para conversar com um mundo invisível habitado por inteligências não-humanas. Pareceria perfeito para manchete de um tablóide sensacionalista. Entretanto, os antropólogos registram essas coisas o tempo todo e ninguém ergue uma sobrancelha. Isso porque tendemos a presumir que o xamã interpreta sua experiência da intoxicação como comunicação com espíritos ou ancestrais. A implicação é que você ou eu interpretaríamos essa mesma experiência de modo diferente, e que portanto não é de se espantar que um campesino pobre e desinformado ache que estava falando com um anjo.

Por mais xenofóbica que seja essa atitude, ela sugere um bom procedimento operacional, já que o que se diz é: “Mostre as técnicas de seu êxtase e julgarei por mim mesmo a sua eficácia.” Eu fiz isso. Essa é a minha credencial para as teorias e opiniões que ofereço. A princípio fiquei aterrorizado pelo que descobri: o mundo do xamanismo, dos aliados, dos alteradores de forma e do ataque mágico é muito mais real do que as construções da ciência jamais poderão ser, porque esses espíritos ancestrais e seu mundo podem ser vistos e sentidos, podem ser conhecidos, na realidade não-habitual.

Uma coisa profunda, inesperada, quase inimaginável nos espera se levarmos nossas atenções investigativas para o fenômeno dos alucinógenos vegetais xamânicos. Os povos que estão fora da história ocidental, que continuam na época do sonho da pré-escrita, mantiveram acesa a chama de um mistério tremendo. Seria humildade admitir isso e aprender com eles, mas tudo isso faz parte do renascimento arcaico.

Daí não se deve deduzir que devemos ficar de queixo caído diante das realizações dos “primitivos” numa outra versão da Dança do Selvagem Nobre. Todo mundo que já fez trabalho de campo sabe dos choques frequentes entre nossas explicações sobre como o “verdadeiro povo das florestas úmidas” deve se comportar e as realidades da vida tribal cotidiana. Ninguém compreende ainda a misteriosa inteligência que há nas plantas ou as implicações da idéia de que a natureza se comunica numa linguagem química básica, inconsciente porém profunda. Ainda não compreendemos como os alucinógenos transformam a mensagem inconsciente em revelações contempladas pela mente consciente. Enquanto afiavam suas intuições e seus sentidos, usando as plantas que estivessem à mão para aumentar sua vantagem adaptativa, os povos arcaicos tinham pouco tempo para a filosofia. Até hoje ainda não se manifestaram totalmente as implicações da existência dessa mente descoberta pelos povos xamânicos dentro da natureza.

Enquanto isso, silenciosamente e fora da história, o xamanismo prosseguia seu diálogo com o mundo invisível. O legado do xamanismo pode atuar como uma força estabilizadora destinada a redirecionar nossa consciência para o destino coletivo da biosfera. A fé xamânica é de que a humanidade tem aliados. Existem forças favoráveis à nossa luta para nascermos como espécie inteligente. Mas são forças silenciosas e tímidas; devem ser procuradas não na chegada de frotas alienígenas no céu da terra, e sim aqui perto, na solidão dos locais ermos, junto às cachoeiras; e, sim, nas pastagens agora tão raras sob nossos pés.



Terence McKenna
tela: Pablo Amaringo

BBC - Documentário Power Of Nightmares


Este é um dos documentários mais provocativos e informativos sobre a origem do fundamentalismo islâmico no Oriente Médio e as tendências e ideais neo-conservadores americanos durante os anos 40 e 50. O filme traça paralelos entre os movimentos e discute seus efeitos no mundo de hoje.


terça-feira, 26 de julho de 2011

the pope is a pedophile


O homem é completamente maluco: ele não consegue criar um verme, mas cria deuses aos montes.
Michel de Montaigne

quinta-feira, 14 de julho de 2011


De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente…
Talvez, acabando, comeces…
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém…
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te…
Talvez peses mais durando, que deixando de durar…
A mágoa dos outros?… Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão…
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros…
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada…
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas…
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além…
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido…
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia…
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos…
Se queres matar-te, mata-te…
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! …
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjetividade objetiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente,
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células noturnamente conscientes
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atômica das coisas,
Pelas paredes turbihonantes
Do vácuo dinâmico do mundo.

Álvaro de Campos

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Ponte

Vídeo muito legal dirigido por João Wainer e Roberto T. Oliveira que mostra "o outro lado da ponte", se você ainda acha que exemplo de cidadania é não jogar papel no chão, respeitar a fila ou não alimentar as pombas, é melhor que você assista.













sábado, 11 de junho de 2011

deixa o cogu falar



"Onde há poder há resistência" 

Foucault
desenho: Tato

quinta-feira, 9 de junho de 2011

lugar sem nome



O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação


o peso
o peso que carregamos
é o amor.


Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -


sai para fora do coração
ardendo de pureza -


pois o fardo da vida
é o amor,


mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.


Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo
quando negado:


o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.


Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -


sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

Ginsberg
arte no pano: tato - menace

sexta-feira, 3 de junho de 2011





Sleep late, have fun, get wild, drink whiskey and drive fast on empty streets with nothing in mind except falling in love and not getting arrested
Hunter S. Thompson

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